terça-feira, 1 de setembro de 2009

CONTO REBELIÃO 01

Invocação – Parte 01 
         Já há muitos dias a tempestade se tornava cada vez mais causticante; o ar estava pesado, saturado de fluidos pestilenciais que dificultava a respiração. O zimbório celeste era de um negrume horripilante. Há muito que a noite castigava, raios voejavam em todas as direções se chocando com os edifícios. Qual não foi o espanto quando o relógio já marcava próximo do meio-dia e a luz do sol não dava mostras de sua presença beatífica.
         Pessoas andavam por todos os lados não entendendo o que estava acontecendo. Apesar de amanhecer apenas no relógio a escuridão ainda era total. Haviam poucas nuvens no céu, não se ouvia o gorjear dos pássaros, somente a turba de transeuntes que ocupavam as ruas em discussões estéreis sobre o que estava acontecendo. A tempestade já diminuía consideravelmente, o céu dava uma tranqüilidade momentânea.
         Do outro lado da cidade alguém caminhava por um beco escuro, poças de água eram espirradas a cada passo, enegrecendo ainda mais as latas de lixo que ali estavam. Ratos deslizavam pelos cantos do beco passando por cima de mendigos se protegendo do frio e da chuva que já cessara. Um mendigo acabava de acordar e dá  uma pequena espiada sobre seus trapos imundos. O que ele vê o deixa estarrecido, todos os seus pelos se eriçam fazendo com que seu coração parasse de bater, deixando o corpo inerte.
A visão congelada em sua Iris era de um ser envolto em nuvem negra a ponto de não ser possível ver nada além de suas botas.
         No subúrbio um grupo de homens guardavam alguns símbolos mágicos e saiam encapuzados por corredores secretos para a via pública. Apenas jazia naquele ambiente um corpo mutilado por algum ritual maléfico.
         Horas depois em uma galeria nos subsolos se reuniam a espera de alguém, a impaciência era visível pelo tempo que estavam ali. Era possível observar as tochas tremulando e as sombras dos presentes dando um ar mais terrível.
         Neste momento alguns homens se lançam ao chão gritando o que seria uma dor incomensurável. Rolavam e se debatiam estrepitosamente.  Apenas o que parecia ser o chefe permanecia de pé sem nenhum sintoma aparente:
         - Pare com isso, não foi por isso que eu te trouxe. – disse o chefe para um ser que estava parado na porta.
         Nada se podia ver dele, a não ser uma escuridão que o envolvia.
         - Você terá que me obedecer –  disse novamente.
         O ser olhou para ele e pronunciou, uma voz que parecia trovões, gritos lancinantes de dor ou coisa pior.
         - Você me trouxe, mas eu tenho meus próprios propósitos, e um deles é o seu fim.


Postado por: Marcel Herrero

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